sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Destino... Ventosa do Bairro - Dia 8 (6-09-2008)

Acordámos por volta das 9.00hda manha. Mais uma noite em que dormi bem, para não variar. O resto da malta desta vez não reclamou. (fiquei ainda mais admirado…)
Saímos do albergue por volta das 10.30 horas e seguiu-se a preparação das bikes, (colocação dos alforges) de forma a preparar o regresso à origem, Ventosa do Bairro.
O rumo era a oficina del peregrino. Objectivo, ir buscar a Compostelana.
Na posse do documento comprovativo da peregrinação, fomos visitar a Catedral e assistimos à missa. Depois fomos visitar a praça central, onde se situa a entrada principal da Catedral, a Câmara Municipal e um hotel de luxo. Estavam lá dois artistas em pose de estátua. Estivemos a conversar com um deles, era brasileiro e chamava-se Moisés.
De seguida fomos aos regalos para a família. Entrámos em muitas lojas para decidir o que comprar…mas lá decidimos o que comprar.
Hora de almoço...
Desta vez decidimos pelo menu do peregrino, sem grandes sofisticações. Eu comi bife de ternera e o GPS + o Licínio um hambúrguer. Vinho, Tarte de manzana e café sollo. (simples, até no preço…)
Bem estávamos quase de partida para a estação. Ainda deu tempo de bebermos uma canha, e ala que está na hora do trem. (entretanto tirámos fotos com uma figura típica de Santiago...)
Estação de Santiago, comboio às 16.21 horas até Vigo
Chegados a Vigo, mais uma espera de 1.5 horas até à ligação para o Porto às 18.42 horas. Lanchámos na esplanada da estação, (tostas mistas e canhas)
Bikes colocadas no comboio e partida para o Porto.
Chegámos ao Porto por volta das 10.05 Horas. (o Licínio tratou da logística de arranjar boleia de Aveiro até a casa. Assim é que é…).
Às 10.14Horas, ligação para Aveiro onde chegámos uma hora depois.
Chegados a Aveiro, ficámos à espera da nossa boleia.
O Tomané chegou pouco depois, com uma carrinha Renault Trafic. Foi uma solução espectacular, pois se não fosse esta boleia teríamos chegado a casa por volta das 3.00 horas da manhã. Assim por volta das 12.00 horas já estávamos em casa.
Agora só falta preparar o filme que fizemos ao longo desta nossa grande aventura, para pudermos visualizar e mostrar aos nossos amigos. Esta tarefa vai ficar a cargo do Licínio (o homem de serviço da câmara de filmar…)
Este relato teve como objectivo fazer uma descrição mais ou menos detalhada e exaustiva, de todos os momentos vividos e partilhados por todos nós, (GPS, Licínio e MecânicoMTL) durante esta grande aventura.
Ao mesmo tempo, servirá de testemunho, que a seu tempo, e sempre que o quisermos, nos fará recordar e reviver o prazer que sentimos nesta cumplicidade, que foi a partilha e companheirismo de todos os momentos por nós vividos e sentidos.

Bem, esta aventura terminou bem, muito bem.... afinal foram só 530 Km.

Agradecimentos
À minha família, e sobretudo à minha mulher, obrigado pela compreensão e pelo apoio nesta grande aventura pelo país de nuestros hermanos.
Um agradecimento ao Tomané e ao Adriano, pela disponibilidade demonstrada em irem-nos buscar de carrinha a Aveiro.
Igualmente um agradecimento muito especial aos companheiros Deolindo e Licínio que me proporcionaram uma aventura espectacular, que não teria sido possível sem a vossa companhia.
Pela partilha, companheirismo, solidariedade, o meu muito obrigado… e até à próxima aventura.
Bem hajam
Fernando Parreira – (MecânicoMTL)

Chegada... Santiago de Compostela - Dia 7 (5-09-2008)

Acordámos por volta das 8.30hda manha. Mais uma noite em que dormi bem, para não variar. O resto da malta desta vez não reclamou. (fiquei admirado…)
Fomos sobressaltados com o GPS a bater à porta, a fazer um cenário dantesco sobre a etapa que faltava. Estava a chover torrencialmente e as notícias anunciavam ventos na ordem dos 100Km/hora.
Dizia o GPS, epá temos que pensar como chegar a Santiago. Assim não estou disposto a ir de bike. Temos de arranjar boleia ou outra coisa qualquer. (ele há gajos que são muito pessimistas …).
Então ao domingo, a chover torrencialmente saímos de casa, e agora depois desta aventura, faltando apenas 60 Km, ir de boleia… nem pensar. (os caminhos tornam-se fáceis quando os queremos ultrapassar…)
Seguiu-se a preparação das bikes, (manutenção mecânica e colocação dos alforges) de forma a iniciar a 7.ª etapa. Desta não ligámos muita atenção ao Road-Book, (ainda que sempre presente) pois era a última etapa e chovia torrencialmente.
Partimos por volta das 9.30 horas rumo a Santiago, local onde pretendíamos pernoitar.

Itinerário – Boente, Castañeda, Ribadiso de Abajo, Arzúa, Salceda, Sta IreneRua, Pedrouzo, Labacolla, San Marcos, Monte do Gozo e Santiago de Compostela.

Esta etapa, á semelhança da anterior, foi um constante sobe e desce, proporcionando momentos de pura adrenalina, com descidas rápidas, mas com muitas pedras a desafiar a perícia e a técnica dos MTL’s.
Continuava a chover intensamente, o que tornava o caminho bastante escorregadio, exigindo muito cuidado e concentração na ultrapassagem dos obstáculos.
O almoço foi em trânsito, e rápido, num bar em Rua.
Tivemos uma situação muito caricata neste bar. O GPS foi o primeiro a entrar no bar, (estávamos literalmente enlameados…) e pediu 6 tostas quentinhas com leite e café. (o pavimento do café mais parecia o de um curral, só lama… lama… e mierda…).
Qual o nosso espanto, quando o empregado do bar chega com duas super tostas, e diz… faltam as outras quatro. Bem todos ficámos surpreendidos com o tamanho das tostas, (pareciam rodas de um carro, era autenticamente uma broa de kilo com cerca de 30 cm de diâmetro…).
O GPS correu logo para a cozinha para mandar cancelar três tostas. Mesmo assim estivemos cerca de 30 minutos a comer a tosta (o Licínio ficou com as gengivas em ferida...)
Continuámos a etapa até ao monumento imponente antes de Santiago. Aí descansámos um pouco, e apreciámos a beleza do monumento ao peregrino.
Bem estávamos quase a chegar ao nosso destino, Santiago a cidade dos peregrinos.
Chegados a Santiago, fomos directos ao albergue, pois estávamos cansados do sobe e desce constante e precisávamos de tomar um banho e descansar.
Albergue imponente, o de Santiago. Fiquei impressionado com a volumetria e a beleza arquitectónica do edifício. Fomos fazer a inscrição para entrar e perguntámos onde podíamos lavar as bikes. Foi-nos dito pelo recepcionista, que na estação de serviço podíamos lavar as bikes. Foi muito penoso o percurso até conseguirmos encontrar a tal estação de serviço. Tivemos que pedalar cerca de 4Km para a encontrar. Mas chegámos e foi uma limpeza geral, das bikes e não só….
Regresso ao albergue, bikes arrumadas, um banho, e estendemo-nos ao comprido na cama para descansar. (até que enfim chegámos…)
Missão seguinte, procura de um local para jantar.
Fomos até ao centro da cidade, percorrendo as ruelas labirínticas e estreitas, até encontrarmos a Catedral. (imponente, sem qualquer dúvida).

Hora de jantar....
Entradas – Amejas a la Marineri (simplesmente divinais, e o molho…)
Prato – Rodobalho a la Plancha
Vino – Muito… e bom… (vino Rioga EL COTO crianza)
Estava excelente. O restaurante era de qualidade
O GPS e o Licínio passaram a maior parte do tempo a falar do Rodobalho. O Rodobalho assim…, o Rodobalho assado…que não era assim que se apresentava o peixe, etc. etc. (mas o que é certo é que comeram, e se mais houvesse mais marchava…)
Ainda fomos a dois bar beber 2 conhaques. (já estavas lindo, estavas…) Quando chegámos ao albergue já íamos mais ou menos frescos. (houve quem dissesse que não…)
Resumo - Total do percurso neste dia - 67 Km em 5.30 horas
Muito bom para o último dia. (afinal tínhamos conseguido chegar…)
E mais um dia que passou, o último dia da aventura.

Destino... Santiago de Compostela - Dia 6 (4-09-2008)

Acordámos por volta das 7.30hda manha, com o GPS já recuperado das dores de costas. (desta vez fui eu a acordar o pessoal… dormiam e roncavam ao mesmo tempo…)
Mais uma noite em que dormi bem, para não variar (quanto maior e o buraco melhor durmo…) O resto da malta continuava a reclamar, reclamar.... (para a próxima, o melhor é levarem a cama de casa…)
Seguiu-se a preparação das bikes, (manutenção mecânica e colocação dos alforges) de forma a iniciar a 6.ª etapa. Mais uma vez o Road-Book, (sempre presente) foi fundamental para a programação da etapa. (aqui o Road-Book já era mais pasta de papel)
Partimos por volta das 9 horas rumo a Melide, local onde pretendíamos pernoitar.

Itinerário – Barbadelo-Rente, Brea, Rozas, Vilachá, Portomarin, Gonzar, Castromayor, Hospital de la Cruz, Ventas de Narón, Ligonde, Eireche, Avenostre, Palas de Rei, Casanova, Leboreiro, Furelos e Melide.

Esta etapa foi um constante sobe e desce, proporcionando momentos de pura adrenalina, com descidas rápidas, mas com muitas pedras, a desafiar a perícia e a técnica dos MTL’s. As paisagens eram excelentes, com campos verdes com muitas árvores, o que proporcionava momentos visuais de rara beleza.

Passámos por uma imponente ponte em Portomarin. As vistas eram fantásticas. Tivemos a oportunidade de apreciar o enorme monumento com uma escadaria monumental, tendo no topo uma capela. Pareceu-nos uma entrada pedonal na cidade, já que esta dava numa zona de muralhas.
O almoço foi em trânsito, num bar em Ventas de Narón.
Chuletas de Jamon foi o menu, acompanhado com vinho verde tinto e como sobremesa fruta. (no ar era um cheiro a mierda de ternera que tresandava…, quase insuportável) Mesmo assim o almoço soube bem. O Licínio foi o que mais reclamou, mas acabou por comer (pudera, cheios de fome que estávamos, comíamos em qualquer sitio…)
O dono do bar juntou-se a nós e estivemos a contar histórias. O GPS ofereceu-se para trabalhar na quinta com as terneras. O homem ofereceu-lhe 1000€ de salário por mês. Tinha é que trabalhar aos sábados e domingos. (as terneras comem todos os dias, mas tu não percebes nada de terneras, talvez de bois, quem sabe … disse ele. Isto depois de o GPS ter falado que as vacas davam leite o ano todo).
Depois de uma longa e alegre conversa na companhia do homem do bar, partimos para fazer o resto da etapa, que ainda estava longe do fim.
Parámos em Palas de Rei para descansar um pouco. Fomos ao albergue carimbar as credenciais. (albergue com muita qualidade)
Chegados a Melide, fomos directos ao albergue, pois estávamos cansados do sobe e desce constante.
Pela primeira vez não tínhamos lugar no albergue. Ficámos desolados e chateados, pois não era normal isto acontecer. Esta situação levou-nos à procura de um hostal para dormir. Não foi difícil, porque existe muita oferta. Assim optámos por ficar no hostal restaurante Continente.
A dona do sítio recebeu-nos com simpatia, mas sempre foi dizendo algumas piadas sarcásticas acerca dos peregrinos. (o GPS não gostou muito das piadas…)
Bem, bikes arrumadas, um banho, barba feita e uma cama para descansar, veio mesmo a calhar. (entretanto tive que substituir as pastilhas de travão da minha bike, estavam nas lonas…)
Missão seguinte, procura de um local para jantar.
Como curiosidade, uma das características dos restaurantes espanhóis, é que só servem o jantar a partir das 21 horas. Como chegámos mais cedo, a solução foi esperar e ir bebendo um bom vino como aperitivo, acompanhado de uns pinchos.

Hora de jantar....
Entradas – Gambones a la Plancha e Pimentos Padron (ainda bem que alguém se enganou nas doses, e mesmo assim soube a pouco…)
Prato - Costeleton de ternera com flor de sal (simplesmente divinal)
Vino– Muito… e bom…(Vino Rioga crianza)
Estava excelente. O restaurante prestou um bom serviço aos peregrinos (é que estavam mesmo a precisar daquelas entradas e do costeleton…)
De seguida, e já com alguma pedalada a mais, (pelo menos eu…) ainda fomos a um bar beber um bom vinho tinto. (acabou com o resto…)
Quando chegámos ao hostal já íamos mais ou menos frescos. (houve quem disse que não…)
Resumo - Total do percurso neste dia - 71 Km em 6.00 horas
Muito bom para sexto dia… (só faltava mais um dia…). O dia seguinte adivinhava-se tranquilo.

E mais um dia bem passado, o 6.º dia .

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Destino... Santiago de Compostela - Dia 5 (3-09-2008)

Acordámos por volta das 6.30h da manhã com um reboliço provocado pelos peregrinos que começavam a preparar as coisas para mais uma etapa da sua caminhada.
Mais uma noite em que dormi bem (aliás durmo sempre bem). O resto da malta continuava a dizer mal da cama. (ainda não tinham acertado na escolha…já tiveram tempo de se habituar)
Como um ciclo, seguiu-se a preparação das bikes, (manutenção mecânica e colocação dos alforges) de forma a iniciar a 5.ª etapa, esta devidamente programada pelo GPS, (tínhamos uma subida dificílima para ultrapassar) com o auxílio do Road-Book, (sempre presente) e claro, com a nossa colaboração (mais com a minha, pois era eu que trazia o Road-Book).
Partimos por volta das 8 horas rumo a Sarria, local onde pretendíamos pernoitar.

Itinerário – Pereje, Trabadelo, La Portela, Ruitelán, Las Herrerias, La Faba, Laguna, O Cebreiro, Liñares, Hospital, Fonfria, Viduedo, Triacastela, Sancristobo, Renche, Samos, Teiguim, Ayan e Sarria..
Sempre a rolar durante cerca de 22 Km. A partir daqui sempre a subir… subir…desde os 505 metros até aos 1300 metros.
Subir… subir… parecia que nunca mais tinha fim.
No início da subida começou a chuva miudinha, o que condicionou a nossa prestação (um impermeável faz sempre jeito onde quer que seja…). Para dificultar ainda mais foi decidido ir pelo trilho dos peregrinos. Decisão deveras penosa, pois tivemos literalmente de empurrar a bike pelas pedras durante cerca de 4 Km. Muito penoso para que ia carregado com os alforges. Mas, mais uma vez a persistência e o companheirismo, minimizaram os efeitos do grande empeno.
A meio da subida, começou a chover intensamente, uma chuva fria, que regelava qualquer um. A tal ponto que o Licínio passou um mau bocado, pois não levava impermeável. Valeu no topo da montanha estar uma loja, que tinha à venda impermeáveis. (se chover apara-se as costas, é não é…). Mas sempre chegámos ao Cebreiro, difícil e encharcados, mas chegámos.
Depois da paragem para comprar os ditos impermeáveis ( o GPS e o Licínio, estavam completamente gelados… a falta que faz um impermeável)
Começámos a descer… descer… espectacular… (mas com muita chuva, eu diria torrencial) As paisagens eram magnificas…, estávamos acima das nuvens, o que dava a sensação que estávamos rodeados de algodão.
A partir daqui, e pelos trilhos recortados nas encostas da montanha, fomos ultrapassando as dificuldades. O caminho estava completamente enlameado, pelo que era extremamente escorregadio, exigindo uma certa cautela e concentração. (Os MTLs já estão habituados a estas dificuldades…)
Neste dia, o nosso almoço foi tarde e às más horas, por volta das 14.30 horas, e foram duas tostas mistas e duas canhas cada um. Isto porque pensávamos ficar em Samos e fomos pelo trilho oposto, tivemos que andar mais quilómetros, e não encontrámos nenhuma povoação.
Mais cerca de 8 Km e chegámos a Sarria completamente enlameados. Fomos directos ao albergue Municipal no centro da vila. O albergue era pequeno e não tinha muita qualidade, mas era como um oásis no deserto.
Pela primeira vez, dei uma pequena queda. Mas ninguém se apercebeu, pois levantei-me muito rápido. (Já estou a aprender a cair…os alforges também ajudaram a que a queda não fosse mais violenta…)
Mais uma vez, o hospitaleiro não queria deixar-nos entrar por virmos muito cedo. Segundo ele, só a partir das 19 horas. Claro, que o GPS interviu com o seu espanhol fluente, e conseguiu convencer o Homem a deixarmos ficar. (este gajo para convencer hospitaleiros, está por aí…)
Arrumar bikes, descarregar alforges, e tudo pronto para descansar.
Um contratempo…. a roupa estava completamente encharcada. O que valeu foi haver máquina de secar. (nada que não se resolva…)
Banho tomado, e fui às compras com o Licínio para o pequeno-almoço do dia seguinte. O GPS ficou a descansar do joelho e das costas. (a este GPS tudo lhe chega…)

Hora de jantar....
Entradas – Canhas…canhas…
Prato – Pizzas (de vez em quando também sabe bem…)
Bebidas – Canhas e canhas…(estes gagos não podem ver um copo cheio)
Estava razoável (pelo menos as pizas eram grandes…)
De seguida, albergue para dormir.
Não sei o que deu ao pessoal, mas neste início de noite os peregrinos só roncavam (até o GPS e o Licínio). A tal ponto que um peregrino Francês, no meio do escuro sussurrou, EL LOBO…( toda a malta do albergue desatou às gargalhadas, menos o GPS que continuou na sinfonia…) Eu ainda estava acordado, e inevitavelmente também ri com esta situação.
Resumo - Total do percurso neste dia - 68 Km em 7.00 horas
Muito difícil, por causa da chuva (já começavam a faltar as forças… talvez pelo grande esforço a subir a montanha a pé e a empurrar as bikes)
Sempre chegou ao fim, o 5.º dia.

Destino... Santiago de Compostela - Dia 4 (2-09-2008)

Acordámos por volta das 6.30hda manha, com o GPS totalmente irrequieto e extremamente nervoso, a tal ponto de estar sempre a fazer barulho para nos acordar. (mais tarde ou mais cedo hás-de pagar caro a hora que dormi a menos).
Até agora, uma das boas camas em que dormi. O resto da malta continuava a dizer mal da cama. (se calhar queriam uma suite presidencial…)
Seguiu-se a preparação das bikes, (manutenção mecânica e colocação dos alforges) de forma a iniciar a 4.ª etapa, esta previamente programada pelo GPS, com o auxílio do Road-Book, (sempre presente) e claro, com a nossa colaboração.
Começámos com pequenos problemas mecânicos. O GPS tinha dois raios partidos. Seguiu-se o desempeno da roda e logo, logo estávamos de partida. (os mecânicos servem para isso mesmo…)
Já me esquecia, era o dia do meu aniversário… colheita de 61.


Partimos por volta das 8 horas rumo a Villafranca del Bierzo, local onde pretendíamos pernoitar.
Itinerário – Murias de Rechivaldo, Sta. Catalina de Somoza, El Ganso, Rabanal del Camino, Foncebadón, Manjarin, El Acebo, Riego de Ambrós, Molinaseca, Campo, Ponferrada, Columbrianos, Fuentes Nuevas, Camponaraya, Cacauelos e Villafranca del Bierzo.
Sempre a subir… subir…desde os 868 metros até aos 1460 metros.
Em El Ganso, parámos num bar com o mesmo nome, para um reforço alimentar (café com leite e bolos secos)
Subir… subir… parecia que nunca mais tinha fim.
Passámos por Foncebadón, um pequeno pueblo quase no cimo do monte, que tinha uma característica curiosa. A maior parte dos telhados eram cobertos com retalhos velhos de chapas de zinco. Um dos locais em que tivemos de desmontar das bikes, e fazer a subida a pé pela dificuldade da subida. (não parece, mas era quase a pique)
Como no fim de uma subida há sempre uma descida, foi o que aconteceu. (afinal o provérbio estava certo).
Começámos a descer… descer… espectacular… (muita concentração e técnica eram as palavras de ordem, e eu ia dizendo elá, elá…quando os obstáculos eram muito perigosos…) As paisagens eram magníficas, mas o trilho muito traiçoeiro, pois tinha muitas pedras soltas.
Em El Acebo, o GPS foi à box, com problemas físicos. Ainda o joelho a atormentar (o médico deu-lhe uma pomada milagrosa, que nesse dia já não doeu mais…)
A partir daqui, foi uma descida alucinante, pelos trilhos recortados nas encostas dos montes. Descemos até aos 590 metros. A adrenalina subiu de tal forma que o ritmo cardíaco era mais elevado do que a subir. Os peregrinos chamavam-nos loucos pela descida que íamos a fazer (locos, locos, estes pellegrinos, diziam eles...)
Chegámos a Molinaseca e parámos para almoçar na casa Marcos. Almoço rápido.
O empregado do bar comentou connosco que já trabalhava no bar há sete anos, e nós éramos os quartos a descer aquele monte. (chamou-nos malucos).

Encontrámos o casal Italiano no restaurante, estivemos a conversar sobre o percurso e tirámos algumas fotos.


Repostas as forças e com os níveis de adrenalina nos valores normais, partimos para mais uma etapa de cerca de 31 Km, até ao local previamente programado, Villafranca del Bierzo

No percurso passámos por Ponferrada, e fomos visitar a entrada do castelo.
Chegados, fomos directos ao albergue, pois estávamos muito cansados do esforço deste dia penoso.
4.ª noite, albergue Municipal, mas com pouca qualidade. Muitos peregrinos a pernoitar, muita confusão…etc. etc…, mas enfim o que precisávamos era de um banho, e vinha mesmo na hora.
Banhinho, roupa lavada e posta a secar, e ala que se faz tarde para a esplanada na praça central, beber umas canhas como aperitivo. Mais uma vez a cerveja não era grande coisa, era espanhola… (só era fresca, mais nada)
Entretanto o GPS mandou reparar a roda numa oficina que encontrámos no Pueblo.
Encontrámo-nos novamente com o casal Italiano e estivemos a beber juntos. O Paulo, assim se chamava, já estava com uma pedalada, que nem conseguiu dizer-nos onde era o restaurante. (ainda dizem que as canhas não provocam turbilhão na mente… ai não que não provocam)

Hora de jantar....
Entradas – Espargos
Prato - Entrecot de ternera com flor de sal
Vino – Muito… e bom…(vinho Ventosa crianza)
Estava excelente. O restaurante era de qualidade. O nome era Porta del Perdon
Paguei o jantar à malta, pois era o dia do meu aniversário.
De seguida, e já com alguma pedalada a mais, (pelo menos eu) albergue para dormir.
Resumo - Total do percurso neste dia - 81 Km em 6.30 horas
Muito bom para quarto dia… (ainda estávamos cheios de força para continuar). O dia seguinte adivinhava-se muito duro

E mais um dia que passou, o 4.º dia .

Destino... Santiago de Compostela - Dia 3 (1-09-2008)

Acordámos por volta das 6.45h da manhã. Preparados psicologicamente para mais uma etapa, preparámos as bikes, (manutenção mecânica e colocação dos alforges) de forma a iniciar a 3.ª etapa, esta e mais uma vez previamente programada pelo GPS, com o auxílio do Road-Book, e claro com a nossa colaboração.
Desta vez não tivemos direito a pequeno-almoço no albergue, o que nos fez ir com destino a tomar o mesmo a um bar, que estivesse aberto poucos quilómetros mais à frente.
Partimos por volta das 8 horas rumo a Astorga, local onde pretendíamos pernoitar.

Itinerário – Villamoros de Mansilla, Puente Villarente, Arcahueja, Valdelafuente, Leon,Trobajo del Camino, Virgen del Camino, Valverde de la Virgen, San Miguel del Camino, Villadangos del Páramo, San Martin del Camino, Hospital Poente de Órbigo, Villares de Órbigo, Santibáñez de Valdeiglesias, San Justo de la Vega e Astorga.


Em Leon, (cidade enorme, com muitos monumentos religiosos) parámos para visitar a Catedral e a cidade. A Catedral, um monumento imponente, que nos deixou impressionados com a grandeza e
beleza arquitectónica. (pelo menos a mim)
Era caracterizada por ter imensos vitrais coloridos, que vazados pela luz exterior, davam-nos imagens de rara beleza. (simplesmente fantástico...)
Conhecemos um casal de Italianos que estava a fazer o percurso, mas por estrada. Ele com 62 anos, e ela com 52 anos.
Depois, demos a volta e continuámos o caminho, passando entretanto pelo supermercado para fazermos o abastecimento para o almoço e o lanche.

Entretanto parámos em Virgen del Camino para apreciar o santuário em homenagem ao peregrino.
Mais 32.4Km a pedalar até pararmos para almoçar.
Almoço tranquilo num parque de merendas na margem de um rio e arborizado com imensos choupos.
O GPS começava a ficar impaciente com dores no joelho. Valeu um Brufen. (grande amigo que leva analgésicos, hem….)
Bem, fim de almoço, lá seguimos até um bar para um café sollo. (digamos que o café de nuestros hermanos não é lá grande coisa)
Mais 16.5 Km e chegámos a Astorga, o nosso objectivo deste dia.
3.ª noite, albergue com muito boa qualidade. O hospitaleiro era Português. Ficámos instalados numa camarata exclusiva para nós, o que foi muito bom. Sem confusão, barulhos, etc…., o local ideal para descansar.
Banhinho, roupa lavada, e mais uma vez ala que se faz tarde para o bar, beber umas canhas como aperitivo. A cerveja não valia grande coisa, mas pelo menos era fresca, o que já era suficiente, pois estávamos sedentos.
Uma pequena volta pela praça da vila ou cidade e ……
Hora de jantar....
Entradas – Canhas… e canhas
Prato – Massa à bolonhesa e pizza
Bebidas – Canhas e canhas…

Ficámos satisfeitos…., tanto que pedimos mais um prato de massa para partilhar.
De seguida, albergue para descansar, pois o dia seguinte iria ser muito duro.
Resumo - Total do percurso neste dia - 71 Km em 4.50 horas
Muito bom para terceiro dia… a malta começava a ficar cansada.
E mais um dia que chegou ao fim, o 3.º. (ainda faltavam 4 dias)

Destino... Santiago de Compostela - Dia 2 (31-09-2008)

Acordámos por volta das 6.45hda manha, com o reboliço natural de todos os peregrinos que se preparam para mais um dia de caminhada.
A malta estava um pouco entorpecida, pois alguns tinham estranhado a cama… (os mais sensíveis claro…)
O albergue ofereceu o pequeno-almoço, este constituído por leite, pão manteiga, compotas, etc.
Ficámos surpreendidos com esta hospitalidade, e aceitámos de bom grado o que nos era oferecido.
Seguiu-se a preparação das bikes, (manutenção mecânica e colocação dos alforges) de forma a iniciar a 2.ª etapa, esta previamente programada pelo GPS, com o auxílio do Road-Book, e claro, com a nossa colaboração.
Partimos por volta das 8 horas rumo a Mansilla de las Mulas, local onde pretendíamos pernoitar.
Itinerario – Carrión de los Condes, Calzadilla de la Cueza, Lédigos, Terradillos de los Templarios, Moratinos, San Nicolás, Sahagún, Bercianos, El Burgo Ranero, Reniegos e Mansilla de las Mulas.

Em Sahún, parámos para fazer as compras para o almoço volante. (presunto, queijo, pão, sumos e fruta)
Alforges carregados, lá fomos nós à procura de um local para almoçar, oops… uma capela abandonada e com sombra, é aqui mesmo. Ermita N.ª Sr.ª. De Perales.
Um local abandonado e isolado. No entanto para nós foi o local ideal para fazer um almoço volante. Há, seguiu-se uma pequena siesta…. à sombra do monumento religioso.
Apesar de estar um sol escaldante, e após a pequena siesta, (cerca de ½ hora) pusemo-nos ao caminho até ao local previamente programado, Mansilla de las Mulas.
Chegados, fomos directos ao albergue, onde a muito custo, nos permitiram pernoitar. Afinal o GPS aplicou-se e conseguiu convencer o hospitaleiro com o seu espanhol fluente, a deixar-nos pernoitar. Grande GPS ( o gajo tem jeito para isto…)
2.ª noite, albergue com menos qualidade que o primeiro. Muitos peregrinos a pernoitar, muita confusão…etc. etc…, mas enfim um local para dormir.
Banhinho, barba feita e ala que se faz tarde para o bar, beber umas canhas como aperitivo.
Até
que enfim uma cerveja de qualidade… Amstel


Hora de jantar....
Entradas – Espargos com maionese
Prato - Costeleton de ternera e chuletas de cordero
Vino – Muito… e bom… (e a menina que serviu o vinho…. bem…. pelos copos começou a escorrer um liquido viscoso, parecido com baba……)
Estava excelente.
De seguida, esplanada apreciar o ambiente e a desfrutar a noite. Foi um convívio excelente com o António (português, mas emigrante na Alemanha) e toda a sua turma (alemães, holandeses, etc…), que por sinal era bastante numerosa e também ruidosa. Mas foi espectacular este intercâmbio cultural. Um drink de Gin tónico fechou a noite.
Resumo - Total do percurso neste dia - 85 Km em 5.30 horas
Muito bom para segundo dia… a malta estava com vontade
E o nosso 2.º dia chegou ao fim

Destino... Santiago de Compostela - Dia 1 (30-08-2008)

A viagem para a aventura começou no dia 29 de Agosto de 2008, na estação da CP da Pampilhosa, com os três MTLs, Fernando Parreira, Deolindo Crispim e Licínio Nogueira.
A logística implicava o transporte das bikes em embalagens específicas, para as poder transportar no Sud-Expresso.
A malta saiu da Pampilhosa no horário, ou seja 18.42h, e partimos rumo a Burgos.
O objectivo era iniciar o Caminho Francês pelos trilhos dos peregrinos.

E assim foi. Chegámos a Burgos por volta da 2.30h da manhã, do dia 30 de Agosto de 2008, preparámos as bikes, e partimos à procura do início do Caminho mais ou menos às 4.00h da manhã, hora portuguesa.
Como a esta hora já não podíamos pernoitar nos albergues, decidimos iniciar o caminho, e fazer o mais possível durante a noite.
Difícil, pois não tínhamos água nem comida. Mas lá fomos sempre a rolar até ao primeiro bar aberto, isto por volta da 8h da manhã, e passados cerca de 35 Km.


Hontanas era o nome do pueblo onde tomámos o nosso primeiro pequeno-almoço. Tortilha com leite e café. Divinal, pois a fome era já uma certeza.
Depois do repasto, lá continuámos pelos trilhos, até que se nos deparou a primeira dificuldade entre Castrogeriz e Itero del Castillo. Um morro quase a pique que nos levou até aos 890m de altitude.
Uma vez lá, parámos e fizemos um pequeno filme.
Encontrámos um casal espanhol, e estivemos a confraternizar um pouco. Ela loura, trazia uma inscrição na T-Shirt que dizia Help me I´m Blond. Mas afinal não precisava, pois agarrou na mochila com vigor, que parecia que ainda não tinha feito qualquer quilómetro.
Este momento de paragem e de convívio foi importante para recuperar as forças.
Em Itero del Castillo, tomámos o nosso primeiro reforço alimentar da manhã, eram 11 horas.
Depois de retemperadas as forças, continuámos até ao pueblo de nome Fromista.

Na zona de Fromista passámos pelo famoso Canal Castilla, que é um extenso canal de rega que tem cerca de 207 km de comprimento, constituído por três tramos (Ramal Norte, Ramal de Campos e Ramal Sur) construido entre 1753 e 1849. (96 anos de muito trabalho). Uma das imponentes comportas do canal. (isto sim é História... e muito trabalho de casa...)

Hora de almoço....
Entradas - Gambas a la plancha e calamares
Prato - Escalopes de ternera
Vino - Muito e bom
Estava excelente.
Depois estivemos à conversa com um peregrino espanhol de 70 anos, que já fazia o percurso de bike há 30 anos consecutivos. Grande coragem a deste homem...(e ainda há quem pense que a idade é um obstáculo, nem pensar, a mente é que fornece a vitalidade).
Faltou a siesta............
E lá seguimos mais cerca de 14 km até chegarmos a Villalcázar de Sirga.
Decidimos pernoitar neste local. Fomos à procura do albergue e encontrámos uma hospitaleira extremamente simpática, que nos recebeu de forma excepcional.
Depois de arrumarmos as bikes e retirar os alforges para levar para o albergue, fomos beber uma canhas. Souberam maravilhosamente bem... ai que bom.
Total do percurso neste dia - 87 Km em 6.20 horas
Muito bom para primeiro dia
A malta estava animada com as condições do albergue. Pequeno, acolhedor e sossegado. As condições ideais para descansar...estávamos a precisar de dormir e muito
E foi assim o nosso 1.º dia