quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Destino... Santiago de Compostela - Dia 5 (3-09-2008)

Acordámos por volta das 6.30h da manhã com um reboliço provocado pelos peregrinos que começavam a preparar as coisas para mais uma etapa da sua caminhada.
Mais uma noite em que dormi bem (aliás durmo sempre bem). O resto da malta continuava a dizer mal da cama. (ainda não tinham acertado na escolha…já tiveram tempo de se habituar)
Como um ciclo, seguiu-se a preparação das bikes, (manutenção mecânica e colocação dos alforges) de forma a iniciar a 5.ª etapa, esta devidamente programada pelo GPS, (tínhamos uma subida dificílima para ultrapassar) com o auxílio do Road-Book, (sempre presente) e claro, com a nossa colaboração (mais com a minha, pois era eu que trazia o Road-Book).
Partimos por volta das 8 horas rumo a Sarria, local onde pretendíamos pernoitar.

Itinerário – Pereje, Trabadelo, La Portela, Ruitelán, Las Herrerias, La Faba, Laguna, O Cebreiro, Liñares, Hospital, Fonfria, Viduedo, Triacastela, Sancristobo, Renche, Samos, Teiguim, Ayan e Sarria..
Sempre a rolar durante cerca de 22 Km. A partir daqui sempre a subir… subir…desde os 505 metros até aos 1300 metros.
Subir… subir… parecia que nunca mais tinha fim.
No início da subida começou a chuva miudinha, o que condicionou a nossa prestação (um impermeável faz sempre jeito onde quer que seja…). Para dificultar ainda mais foi decidido ir pelo trilho dos peregrinos. Decisão deveras penosa, pois tivemos literalmente de empurrar a bike pelas pedras durante cerca de 4 Km. Muito penoso para que ia carregado com os alforges. Mas, mais uma vez a persistência e o companheirismo, minimizaram os efeitos do grande empeno.
A meio da subida, começou a chover intensamente, uma chuva fria, que regelava qualquer um. A tal ponto que o Licínio passou um mau bocado, pois não levava impermeável. Valeu no topo da montanha estar uma loja, que tinha à venda impermeáveis. (se chover apara-se as costas, é não é…). Mas sempre chegámos ao Cebreiro, difícil e encharcados, mas chegámos.
Depois da paragem para comprar os ditos impermeáveis ( o GPS e o Licínio, estavam completamente gelados… a falta que faz um impermeável)
Começámos a descer… descer… espectacular… (mas com muita chuva, eu diria torrencial) As paisagens eram magnificas…, estávamos acima das nuvens, o que dava a sensação que estávamos rodeados de algodão.
A partir daqui, e pelos trilhos recortados nas encostas da montanha, fomos ultrapassando as dificuldades. O caminho estava completamente enlameado, pelo que era extremamente escorregadio, exigindo uma certa cautela e concentração. (Os MTLs já estão habituados a estas dificuldades…)
Neste dia, o nosso almoço foi tarde e às más horas, por volta das 14.30 horas, e foram duas tostas mistas e duas canhas cada um. Isto porque pensávamos ficar em Samos e fomos pelo trilho oposto, tivemos que andar mais quilómetros, e não encontrámos nenhuma povoação.
Mais cerca de 8 Km e chegámos a Sarria completamente enlameados. Fomos directos ao albergue Municipal no centro da vila. O albergue era pequeno e não tinha muita qualidade, mas era como um oásis no deserto.
Pela primeira vez, dei uma pequena queda. Mas ninguém se apercebeu, pois levantei-me muito rápido. (Já estou a aprender a cair…os alforges também ajudaram a que a queda não fosse mais violenta…)
Mais uma vez, o hospitaleiro não queria deixar-nos entrar por virmos muito cedo. Segundo ele, só a partir das 19 horas. Claro, que o GPS interviu com o seu espanhol fluente, e conseguiu convencer o Homem a deixarmos ficar. (este gajo para convencer hospitaleiros, está por aí…)
Arrumar bikes, descarregar alforges, e tudo pronto para descansar.
Um contratempo…. a roupa estava completamente encharcada. O que valeu foi haver máquina de secar. (nada que não se resolva…)
Banho tomado, e fui às compras com o Licínio para o pequeno-almoço do dia seguinte. O GPS ficou a descansar do joelho e das costas. (a este GPS tudo lhe chega…)

Hora de jantar....
Entradas – Canhas…canhas…
Prato – Pizzas (de vez em quando também sabe bem…)
Bebidas – Canhas e canhas…(estes gagos não podem ver um copo cheio)
Estava razoável (pelo menos as pizas eram grandes…)
De seguida, albergue para dormir.
Não sei o que deu ao pessoal, mas neste início de noite os peregrinos só roncavam (até o GPS e o Licínio). A tal ponto que um peregrino Francês, no meio do escuro sussurrou, EL LOBO…( toda a malta do albergue desatou às gargalhadas, menos o GPS que continuou na sinfonia…) Eu ainda estava acordado, e inevitavelmente também ri com esta situação.
Resumo - Total do percurso neste dia - 68 Km em 7.00 horas
Muito difícil, por causa da chuva (já começavam a faltar as forças… talvez pelo grande esforço a subir a montanha a pé e a empurrar as bikes)
Sempre chegou ao fim, o 5.º dia.

Sem comentários: